Sócia-Diretora/ Managing Director
Com um olhar sobre a evolução da tecnologia sul-americana e como o Brasil está se mantendo firme em meio à crise de financiamento na América Latina, apoiando todo o ecossistema de startups que vem surgindo no país, o Web Summit Rio realmente impressionou por seus números. Neste ano, o evento reuniu mais de 34.000 pessoas no Riocentro, incluindo mais de 500 palestrantes e 1.000 startups.
A segunda edição no Brasil bateu o recorde mundial em número de startups fundadas por mulheres, com 45% das participantes, ou seja 480 das 1066 startups presentes, eram lideradas por mulheres. Isso demonstra o compromisso dos organizadores em promover a igualdade de gênero no empreendedorismo na América do Sul. O programa Women in Tech, criado em 2015, ofereceu ingressos com desconto para mulheres ligadas à indústria de tecnologia, proporcionando experiências diferenciadas, como palestras inspiradoras, mentoria e networking.
Reunindo participantes, startups e palestrantes nacionais e internacionais influentes, o evento se propôs discutir durante três dias, as últimas tendências tecnológicas, promovendo o networking entre profissionais de diversas áreas e segmentos econômicos. E o objetivo da participação da Verx Tecnologia e Inovação neste evento foi exatamente este. Nosso olhar e interesse num evento como esse é múltiplo.
Além de visitarmos os stands de alguns dos nossos clientes presentes lá, também fomos ver o que está sendo feito e dito nas áreas de energias renováveis, aeroespacial, finanças, saúde e marketing.
A abertura do evento foi realizada com a participação de Eduardo Paes que destacou a transformação do Rio de Janeiro para tornar a cidade um polo de tecnologia na América Latina, contribuindo para a redução das desigualdades sociais e a criação de empregos qualificados na área de tech.
- Desde as Olimpíadas de 2016, a Zona Portuária (Porto Maravilha) vem sendo revitalizada e tem sido um foco para o desenvolvimento tecnológico e inovação.
- Neste 11 de abril, um hub tecnológico chamado Porto Maravalley foi inaugurado ali. O espaço reúne startups, empresas e profissionais do setor, promovendo colaboração e networking.
- Há também o Incentivo Fiscal para Startups que lá se instalarem. Redução do ISS (Imposto Sobre Serviços) de 5% para 2% – com o objetivo de atrair mais empresas de tecnologia.
- Além de uma nova unidade do IMPA (Instituto de Matemática Pura e Aplicada) que oferece curso de graduação em Matemática com foco em tecnologia (Impa Tech).
Nos palcos, abordou-se:
1 – A importância do cliente no centro do negócio.
NaMasterclass “Como a voz do cliente pode potencializar o negócio”destaque para:
- A importância de ouvir o cliente em toda a sua jornada, da compra ao pós-venda;
- Utilizar dados para embasar decisões, mas não como único meio;
- Buscar por soluções simples que muitas vezes estão mais ligadas a processo do que tecnologia.
E no Painel Marketing 2025, Jeff Geheb, (VMLY&R), Renata Bokel, (WMcCann) e Colin Daniels, (Adweek) abordaram o tema focando:
- Na importância de a liderança estar preparada para mudanças iminentes;
- Na ascensão da inteligência artificial, a gestão e personalização de dados e o poder da experiência do cliente como pontos-chave;
- Que a IA amplificará a criatividade e eficiência, mas não substituirá o elemento humano;
- E que as marcas, para ter relevância, deverão provocar emoções e experiências exclusivas em seus clientes, utilizando IA para entender as motivações e desejos e não apenas para identificar seus consumidores.
2 – IA Generativa, inovações, aplicações, resultados:
A temática IA esteve praticamente em todas as palestras dos palcos que discutiam tecnologia, empreendedorismo, startups e criatividade e o melhor resumo de tudo que vi e ouvi sobre o tema nesses três dias esteve na fala do filósofo Mario Sergio Cortella:
“Acho que a IA é uma boa ferramenta, se utilizada como forma de automatização. Mas ela não pode ser autônoma. Ela não pode decidir pelo homem, ela tem que ser o caminho para entregar um produto de forma mais rápida e precisa”. E seu filho, Pedro Cortella, também presente no evento destacou: “temos que fazer o uso da tecnologia ao nosso favor, atendendo às nossas vontades. Não podemos ser usados por elas”.
Assim resumo o que vi sobre IA nesses dias:
- Todos reconhecem a IA como uma ferramenta facilitadora e aceleradora do processo criativo humano, mas não para substituir a criatividade única e genuína humana.
- Há uma grande preocupação com o futuro e o discernimento entre o real e o fake (tema amplamente discutido em vários palcos), junto com a necessidade de cuidados com legislação, política e ética na geração de conteúdo.
- Alerta para a responsabilidade dos produtores de conteúdo e influenciadores na utilização responsável da IA e os possíveis impactos negativos se as próximas gerações de IA forem alimentadas por dados gerados somente pela própria IA.
Nisso voltamos ao início do meu artigo, falando da qualidade e boa utilização dos dados, a escuta do cliente e a vivência humana, criando laços verdadeiros nas relações humanas.
Haveria ainda muito para se falar desta edição do Web Summit Rio 2024. Deixo os destaques finais:
- A palestra da Gabriela Comazzetto (TikTok), que chamou a atenção sobre o futuro que estamos construindo quando se trata de um mundo online multitelas e como o app influencia a cultura e comportamento de consumo, nas vendas on e offline e conteúdo viral.
- As fintechs até o uso de criptomoedas, a preocupação com segurança dos dados.
- A Parceria entre Mercedes-Benz e Ypê, por sua inovação, reflexão e responsabilidade.
As duas empresas se uniram, num projeto piloto, para o uso de caminhões autônomos para o transporte interno de mercadorias – da produção para o centro de distribuição. A maior preocupação deles hoje, vai além da IA e processos automatizados. Eles enxergam a necessidade da qualificação da mão de obra, levando a educação tecnológica para as pessoas, garantindo uma mudança no perfil dos trabalhadores, dando a todos a garantia de trabalho e vida digna. Conceito também amplamente falado por Luiza Helena (Magalu) em sua participação no evento.
Fecho parafraseando Luiza Helena. O que falta para nossa população não é acesso à tecnologia. É a educação básica.
O acesso à tecnologia e sua boa utilização já é um commodity. Precisamos, como sociedade civil, investir em educação de base para melhor formação, empregabilidade e melhoria social. Isso dará a todos uma sociedade mais ética, responsável e comprometida com o desenvolvimento de um mundo mais justo e melhor para todos.
Valeu a ida ao Rio, que continua lindo! Valeu participar do WebSummit Rio 2024.
Se você, também esteve por lá, comente aqui suas impressões sobre o evento. Vamos tornar este artigo mais amplo.
#websummitrio #educação #tecnologia