Elizabeth Vasconcelos
Sócia-Diretora/ Managing Director
Realizo meus exames de rotina duas vezes no ano. Em janeiro, o grupo de médicos que me assiste, de forma individualizada mas unânime, apontou que, ao deixar a própria sorte ou ao modo como eu estava vivendo, muito em breve, precisaria começar a tomar medicamento para controlar uma possível alteração nos meus níveis de glicemia e colesterol – que já vinham subindo desde o ano passado. Desta vez, eles disseram: “está no limite”. Aquilo realmente me assustou. Eu sou o tipo de pessoa que fujo de qualquer necessidade de viver dependendo de medicamentos. Então, resolvi mudar minha rotina. Mudar ou transformar?
Li uma frase do prof. Marcos Fernando da Silva, na internet que dizia: Mudança é mudar, transformar é converter! O fato é que em toda transformação, há mudanças, mas nem em toda mudança haverá transformação.
Então, entendo que transformar é muito mais de dentro para fora, é uma metamorfose do ser que gera uma mudança que permanece e pode transparecer do lado de fora. Já a mudança é muito mais externa, e menos definitiva, é como trocar a roupa para se adaptar ao ambiente, mas internamente ainda não se encaixar naquele estilo. Transformar é dar nova forma, mudar é apenas uma troca. Complexo não?
No meu caso, a partir de janeiro, resolvi transformar meus hábitos alimentares (que por conta de final de ano, férias… estavam bem desregulados). Uma reeducação alimentar, exercícios físicos para valer e pronto, depois de seis meses, a mudança tinha acontecido. Os exames estão com resultados ótimos! Melhores do que os do início do ano passado.
Quantas vezes você já tentou mudar hábitos e falhou pouco tempo depois? Eu, diversas vezes, isso porque tentamos fazer essa troca de um pelo outro, mas nunca paramos para refletir e trabalhar internamente a necessidade dessas mudanças e garantir que nosso “eu interior”, nosso subconsciente, torne essas necessidades algo consciente e de primeira importância. Ouso dizer que isso só acontece quando você realmente quer. Quando isso tem importância e relevância para você. Vide, para quem já leu, todo o conceito do livro de Hal Elrod, em “O milagre da manhã”.
Você sabe que precisa praticar exercícios, mas sempre coloca algo na frente do exercício na sua lista de prioridades. Por exemplo, hoje deixa de ir a academia porque precisa ir ao mercado, amanhã deixa de ir porque precisa entregar um relatório e assim por diante. Então eu me pergunto, será que sabemos mesmo o quanto precisamos fazer exercícios ou apenas ouvimos dizer e repetimos isso para nós mesmos sem de fato compreender que isso deveria estar no topo da nossa lista caso queiramos ter saúde e longevidade?
Trazendo isso para a cultura empresarial, muitas empresas encontram dificuldade em atualizar a cultura ou mesmo fazer valer a que já existe, mas será que estamos tentando mudar a cultura ou transformá-la?
Sabemos que o papel aceita tudo, mas a realidade muitas vezes não é como imaginávamos ao idealizar a cultura da empresa. E isso pode acontecer se falharmos ao comunicar para as pessoas porque aquilo é importante para nós como empresa e como sociedade, e que não é apenas um papel ou como muitos gostam de dizer, uma moda que vai passar. E é nossa responsabilidade como empresa, nos questionarmos sobre como engajar as pessoas, reduzir a resistência e conduzi-las para o futuro que almejamos. É preciso entender qual seria a melhor maneira de transformá-las de dentro para fora e trazer a cultura idealizada, para o mundo real também.
E como se transforma pessoas? Essa é uma pergunta difícil, porque na verdade, a transformação depende muito mais do indivíduo do que das ações externas de terceiros. Mas na minha visão, a melhor maneira de dar aquele empurrãozinho, é entender como esse colaborador pensa, como ele enxerga o mundo ao seu redor e cuidar para que a comunicação seja feita de forma que ele também se sinta parte daquilo e compreenda que suas ações são fundamentais para determinar a realidade do ambiente. E não somente, mas principalmente, se quem estiver resistente forem gestores e líderes, porque esses podem dificultar ainda mais a clareza da cultura se não estiverem alinhados com a empresa.
Então, mudar e transformar apesar de muito parecidos, não são a mesma coisa, a empresa pode simplesmente mudar a cultura e esperar que as pessoas se adequem, ou transformar a cultura e ir trabalhando nas pessoas aquilo que elas ainda não conseguiram assimilar. Só assim, será possível fazer com que todos sejam a expressão daquilo em que a empresa acredita.
E se você que está lendo, é a pessoa resistente às mudanças, que tal se abrir ao novo, mesmo que seja desconfortável, e permitir-se transformar de dentro para fora? Digo antecipadamente que raríssimas vezes, arrisco a dizer até que nunca, conseguimos mudar o mundo ao nosso redor sem antes mudar o nosso mundo interior. O mundo se apresenta para nós refletindo o que nós apresentamos para o mundo.
E então, como estão as coisas por aí, está havendo mudanças ou transformações na sua vida?
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