Elizabeth Vasconcelos
Sócia-Diretora/ Managing Director
Em 14 de outubro, o Prêmio Nobel de Economia foi concedido a Daron Acemoglu, Simon Johnson e James A. Robinson por seus estudos inovadores sobre como as instituições políticas e econômicas influenciam a prosperidade das nações. Esses estudos fornecem uma base sólida para entender as disparidades de riqueza entre os países e os fatores que determinam o sucesso ou fracasso econômico. No contexto brasileiro, essas reflexões não poderiam ser mais oportunas, especialmente quando olhamos para o cenário econômico atual projetado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
Quem são os laureados?
- Daron Acemoglu, professor no MIT, é uma referência em economia política e desigualdade.
- Simon Johnson, também no MIT, estuda finanças globais e gestão econômica com foco em dinâmicas institucionais.
- James A. Robinson, da Universidade de Chicago, concentra-se em política comparativa e o impacto das instituições no desenvolvimento.
A Relevância do Estudo – Os economistas mostraram que as instituições inclusivas, que promovem democracia e desenvolvimento econômico, são um motor para a prosperidade. Em contraste, as instituições extrativas — que beneficiam apenas elites políticas e econômicas — sufocam o crescimento. No Brasil, a história colonial de extração de recursos criou uma base institucional que, segundo esses economistas, limita até hoje o desenvolvimento inclusivo.
Impacto Global e Reflexo no Brasil – Esses estudos trazem insights valiosos sobre porque países como o Brasil, com histórico de instituições extrativas, enfrentam desafios de longo prazo em democratização e crescimento sustentável. O Brasil, marcado por uma colonização voltada para a exploração de recursos naturais e o uso de trabalho escravo, carrega até hoje as consequências desse modelo. As desigualdades estruturais, agravadas pela abolição tardia da escravidão, continuam a moldar o cenário socioeconômico do país.
Dívida Brasileira: O Reflexo de Instituições Extrativas? O relatório do FMI, divulgado em 23 de outubro de 2024, destaca a trajetória ascendente da dívida pública brasileira. O Fundo projeta que a dívida bruta atinja 87,6% do PIB em 2024 e suba para 92% em 2025, com tendência de chegar a 97,6% em 2029. Esses números ressaltam as dificuldades enfrentadas por países que, como o Brasil, ainda lidam com as consequências de uma estrutura institucional que favorece elites e concentra riqueza.
A pesquisa dos laureados ajuda a explicar por que o Brasil encontra tantas barreiras para promover um crescimento inclusivo e reduzir a desigualdade. As instituições criadas para perpetuar o controle dos recursos e a riqueza nas mãos de poucos continuam a impactar negativamente a economia. A concentração de renda, a desigualdade regional e a dificuldade em estabilizar as finanças públicas são reflexos diretos desses legados institucionais.
Reflexões – A combinação entre a herança de instituições extrativas e as projeções econômicas sombrias, como as trazidas pelo FMI, nos coloca em uma encruzilhada. Se quisermos alterar o curso, precisamos de reformas estruturais que quebrem esse ciclo. O Prêmio Nobel de 2024 nos lembra da importância de instituições inclusivas, e a situação fiscal do Brasil destaca a urgência dessas mudanças.
E agora, o que faremos? No contexto das próximas eleições e diante da crescente dívida pública, o Brasil precisa refletir sobre as lições que o Nobel de Economia nos traz. A criação de instituições mais inclusivas, que promovam o crescimento sustentável e a igualdade, não é apenas uma questão teórica — é uma necessidade prática para que possamos reverter esse cenário preocupante. Como país, estamos dispostos a fazer as mudanças necessárias para garantir um futuro mais próspero e justo?
Para mais detalhes sobre o estudo, acesse o link a seguir: Prêmio Nobel de Economia 2024.
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