Uma ótima forma de responder a esta pergunta seria tomar como base o que não seria um escritório de projetos ágil.
Respiremos fundo e vamos lá:
- O escritório de projetos ágil não é um repórter de projetos atrasados para a cúpula – em vez de fazer PPTs coloridos, o PMO faz mentoring do ágil.
- O escritório de projetos ágil não fica gerando uma infinidade de indicadores e comparando equipes – com uso de três ou quatro bons indicadores e uma ficha por projeto, ele apoia o melhoramento contínuo.
- O escritório de projetos ágil não entra na onda de ferramentas de gestão – ele valoriza e estimula mais a comunicação visual através de quadros físicos.
- O escritório de projetos ágil não fiscaliza nem aponta defeitos – ele treina as equipes e reforça valores.
- O escritório de projetos ágil não foca só em budgets e timesheets – ele observa o ROI (retorno do investimento).
- O escritório de projetos ágil não usa cronogramas – ele usa releases burndowns.
- O escritório de projetos ágil não quer planejar o implanejável nem vive pedindo estimativa de valores de projetos inteiros, usando estes números como metas depois – ele entende o que é waterfall e evita este mindset.
- O escritório de projetos ágil não é fiscal – ele é um ente estratégico.
Agora, o item mais interessante:
- O escritório de projetos ágil não pensa em termos de projetos – ele pensa em termos de cadeias de valor, priorização de temas e esteiras de entrega contínua.
Portanto, o PMO ágil não aloca budgets a projetos (mais sim a cadeias de valor), apoia estruturas que propiciam fluxo (em vez dos grandes batchs que são os projetos) e está comprometido com os preceitos do Lean.
O que temos na verdade é o seguinte: o estado da arte do ágil vê com reservas a entidade organizacional PMO. O framework de ágil escalado SAFe até fala de “Agile PMO”, mas os agilistas mais “raízes” simplesmente não recomendam sua existência (aliás, não querendo aqui assustar nem incomodar ninguém, a própria figura do Scrum Master está morrendo nas organizações ágeis mais maduras).
Bem, o fato é que precisamos de pé no chão e compreensão neste momento. As organizações que nos rodeiam estão dois estágios atrás e precisam atualmente de estruturas de suporte e agentes de mudança com um programa de progressivo amadurecimento metodológico.
Além disto, precisamos fazer as próprias pessoas construírem sua mudança. Ninguém é contra um plano de mudança feito por si próprio. Já algo vindo de cima sem a coleta de um sincero feedback está fadado ao fracasso ou a um enorme desgaste.
Sim, isto requer tempo, esforço e conscientização.
Enquanto isto, vamos lá na reunião de status report ver as equipes tremerem na base, enquanto o negócio espera pelas entregas.
Roberto Pina Rizzo
MSc, PMP, PMI-ACP, SAFe Agilist
Lean Agile Change Agent / Gestor Senior de TI