Em abril deste ano, me deparei com um projeto de escola da minha filha mais velha sobre personalidades científicas do século XX. Das opções dadas a ela, escolheu estudar e apresentar o trabalho de Katherine Jonhson – uma mulher negra, nascida em 1918, nos Estados Unidos, matemática, física, cientista espacial que ajudou a NASA a levar o primeiro homem à lua. Ainda estou apoiando-a na condução do trabalho e a cada nova pesquisa que ela compartilha comigo, me alegro em conhecer histórias como as de Katherine e de tantas outras mulheres a frente de seu tempo, na área da tecnologia.
Uma dessas surpresas veio ao assistir o filme “Estrelas Além do Tempo, 2016”, que conta a biografia de Katherine, na NASA e de outras duas mulheres incríveis, como Mary Jackson – que se tornou a primeira engenheira aeroespacial do National Advisory Committee for Aeronautics (NACA), atual NASA e Dorothy Vaughan – primeira mulher negra a ser promovida a chefe de departamento na NASA, que se especializou em computação e em programação FORTRAN. Elas e tantas outras mulheres, tiveram que lutar muito para ocuparem espaços importantes na sociedade.
Historicamente, mulheres independentes nunca foram bem vistas, tanto que no Brasil, o código Civil de 1916 impedia que mulheres casadas trabalhassem ou mesmo abrissem conta em banco sem a autorização dos maridos. Foi só com a Constituição de 1988 que garantimos a igualdade de direitos e de deveres para ambos os gêneros, e esse foi um grande passo para a ampliação das mulheres no mercado de trabalho, mesmo assim, ainda temos muito a conquistar. Segundo o IBGE, as mulheres trabalham cerca de três horas por semana a mais do que os homens, e mesmo possuindo um nível educacional mais alto, ainda recebem salários menores.
Em tech, um mundo sabidamente dominado pelo gênero masculino, essas diferenças são ainda maiores. As poucas mulheres que se destacaram ao longo da história tiveram sua participação ofuscada de algum modo. Mas representatividade importa, e nomes como Ada Lovelace (Primeira programadora da história), Hedy Lamarr (Inventora do wi-fi) e a própria katherine Johnson, vêm sendo trazidos para a luz, porque as novas gerações vêm tentando quebrar esse ciclo onde os meninos crescem sendo estimulados a desenvolverem o raciocínio lógico e as meninas crescem acreditando que ciências exatas não são para elas. Mesmo sendo minoria, as mulheres vêm buscando seu espaço em tech, segundo informações do Banco Nacional de Empregos, o número de candidatas na área vem aumentando a cada ano. E o mercado tem espaço de sobra para acolher quem está se qualificando, cabe a nós tomarmos as rédeas da nossa carreira e ocuparmos esse espaço!
Em 2018, o Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos iniciou o projeto Technovation Summer School for Girls (ou TechSchool), escola de verão. O projeto já impactou mais de 450 meninas, de 10 a 18 anos, ensinando técnicas de programação e de habilidades empreendedoras para o desenvolvimento de aplicativos que podem ajudar a solucionar problemas sociais.
Há, felizmente, uma série de movimentos de incentivo à maior inclusão da mulher na área de tecnologia. Cabe a nós, empresários, proporcionar um ambiente diverso e inclusivo para que as jovens que ingressam no setor não desistam e acabem abandonando suas profissões. Um estudo da Accenture e do Girls Who Code, diz que metade das jovens que trabalham em tecnologia deixam o setor antes dos 35 anos. Também é trabalho das organizações criar processos internos que estimulem e apoiem o crescimento de qualquer pessoa, independente do gênero, para que mais mulheres possam chegar a cargos de liderança e comecemos a equilibrar a balança.
Hoje na Verx, 17,5% do nosso quadro técnico é composto por mulheres. Na área administrativa esse número se inverte, sendo 69,5% do time e 31% na área de gestão. Fica para nós também, o desafio de aumentarmos a presença feminina nos projetos técnicos.
Para as mulheres que pretendem entrar para a área da tecnologia, busquem inspiração em livros, sobre mulheres empreendedoras, mulheres no mundo tech e as que são líderes. Sigam nas redes sociais aquelas que se destacam nas áreas STEM. Acompanhem perfis que incentivam mulheres na área como “Elas programam”, “Programaria”, “Girls Who Code” e “Mulheres na tecnologia”. Invistam em cursos, networking e principalmente, confie em você, tenha coragem de arriscar, busque seus sonhos e desenvolva a sua carreira.
Você é bem-vinda na Verx, vem ser uma verxer!