Nas últimas semanas, dois momentos me fizeram refletir profundamente sobre como o excesso de informação está afetando nossa mente – e nossa saúde.
Primeiro, assisti a uma palestra da Dra. Carolina Defilippi sobre o aumento da ansiedade entre os jovens e a relação com os algoritmos das redes sociais, como o TikTok, que prendem a atenção de forma viciante e dificultam a concentração. Depois, vi uma entrevista da Fernanda Lima com o Marcelo Tas, onde ela falava sobre a menopausa e um de seus efeitos mais inesperados: a perda de massa cinzenta.
Essas duas conversas parecem desconectadas, mas têm um ponto em comum. Vivemos uma sobrecarga de estímulos que impacta a forma como pensamos, aprendemos e nos relacionamos. Chamamos isso de brain rot – um termo que surgiu entre as gerações mais jovens para descrever a sensação de estar consumindo um volume imenso de informações sem absorver nada de fato.
No mundo corporativo, isso tem consequências diretas na produtividade, na capacidade de análise e na inovação. Afinal, como tomar boas decisões se nossa mente está constantemente fragmentada?
O que é brain rot e por que ele afeta a nossa cognição?
O conceito de brain rot tem ganhado força nos últimos anos, especialmente no TikTok e no Twitter, para descrever o cansaço mental causado pelo consumo excessivo de conteúdo superficial e descartável. Desde vídeos curtos de puro entretenimento até debates rasos que se dissolvem rapidamente no feed, essa sobrecarga de informação pode comprometer a capacidade de concentração, o aprendizado e até a solução de problemas complexos.
E os impactos vão além das redes sociais. A entrevista da Fernanda Lima nos lembra que, em fases como a menopausa, as mulheres já passam por um processo natural de alteração cognitiva. Se somarmos isso ao bombardeio de estímulos digitais e à falta de foco, como podemos preservar nossa capacidade de raciocínio e tomada de decisão ao longo da vida?
O impacto do brain rot na produtividade
No ambiente corporativo, principalmente em áreas que exigem criatividade e inovação, como tecnologia, o brain rot pode se tornar um obstáculo perigoso. Profissionais que consomem excessivamente conteúdo sem profundidade perdem a capacidade de pensar criticamente, analisar problemas de maneira estruturada e desenvolver soluções criativas.
Já parou para pensar em quantas vezes pegou o celular “só para checar uma coisa rápida” e, quando percebeu, perdeu minutos (ou até horas) pulando de um conteúdo para outro? Esse comportamento fragmenta a atenção, reduz a capacidade de foco e compromete a produtividade.
No dia a dia profissional, onde já lidamos com um alto volume de informação, adicionar mais um dilúvio de conteúdos irrelevantes só torna a tomada de decisões mais difícil e desgastante.
Mas como filtrar o que realmente importa?
A solução não é abandonar completamente o entretenimento digital, mas sim fazer escolhas mais conscientes sobre o que consumimos. Algumas estratégias podem ajudar:
✅ Crie um filtro de conteúdo: Siga apenas perfis e fontes que agreguem valor ao seu crescimento pessoal e profissional.
✅ Defina horários específicos para redes sociais: Evite abrir o feed de forma impulsiva durante o trabalho ou momentos de foco.
✅ Priorize leituras profundas: Em vez de consumir apenas posts curtos e vídeos rápidos, invista em livros, artigos e cursos.
✅ Pratique o aprendizado ativo: Ao ler ou assistir a algo, tome notas, reflita e aplique os conhecimentos adquiridos.
✅ Invista em mindfulness digital: Exercite a percepção do tempo gasto nas redes e ajuste seus hábitos conforme necessário.
O papel das empresas na construção de um consumo de informação mais estratégico
Na Verx, por exemplo, cultivamos a cultura do aprendizado contínuo. No setor de tecnologia, onde as mudanças são constantes, incentivar um consumo de informação mais qualitativo é essencial para a inovação e o crescimento profissional.
Por isso, promovemos treinamentos frequentes, oferecemos um ambiente que valoriza o aprendizado profundo e incentivamos discussões estratégicas dentro dos times. Acreditamos que o conhecimento é um diferencial competitivo e um motor para a inovação.
Tecnologia a nosso favor, e não contra nós
O brain rot é um sintoma do mundo hiper conectado, mas podemos aprender a usar a tecnologia de forma mais inteligente. O segredo está na curadoria. Use os conteúdos a seu favor: consuma conteúdo de qualidade, equilibre entretenimento com aprendizado e transforme a informação em ferramenta de crescimento – não de distração.
E você? Como tem lidado com a sobrecarga de informação no seu dia?
Elizabeth Vasconcelos
Sócia Diretora na Verx