Diversidade e Neurodiversidade
Atualmente, a empresa que não se preocupa com a diversidade, com certeza, está caminhando para trás. E isso inclui a neurodiversidade, termo criado pela socióloga Judy Singer em 1998 para se referir a biodiversidade neurológica, ou seja, a variação natural entre um cérebro e outro na espécie humana.
Dentro da neurodiversidade temos as pessoas neurotípicas, diversas entre si, porém que seguem um desenvolvimento neurológico considerado típico e as neuroatípicas, que acabam tendo um desenvolvimento neurológico diferente da maioria em alguns aspectos, portanto, do ponto de vista estatístico considerado atípico. São consideradas neuroatípicas pessoas com dislexia, TDAH, síndrome de Tourette, disgrafia e TEA (transtorno do espectro autista), por exemplo.
Assim, a diversidade é importante para o desenvolvimento sustentável da nossa sociedade, mas diversidade sem inclusão não muda nada. Então decidimos falar sobre o TEA e dar algumas dicas para receber melhor as pessoas com autismo no ambiente de trabalho.
Conheça mais sobre o autismo para um ambiente corporativo inclusivo.
Afinal, o que é o Autismo?
O autismo, ou o transtorno do espectro autista (TEA), segundo a Associação de Amigos do Autista (AMA), consiste em uma série de aspectos que indicam algum grau de alteração do comportamento social, déficits na comunicação e linguagem, além de comportamentos repetitivos e áreas restritas de interesse.
Na maioria dos casos, o TEA se manifesta nos primeiros 5 anos de vida da criança e persistem até a idade adulta e frequentemente vem acompanhado de comorbidades como epilepsia, depressão, ansiedade e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade.
Níveis
O nível intelectual varia muito de um caso para outro, indo desde uma deterioração profunda a casos com altas habilidades cognitivas.
E o TEA foi subdivido em três níveis, leve (pouca necessidade de suporte), moderado (necessidade de suporte substancial) e severo (muita necessidade de suporte substancial).
Parte dessas pessoas tem facilidade para lidar com conhecimentos matemáticos, tecnologia, música e artes. Possuem uma habilidade de concentração ótima, boa memória visual e de longo prazo, interesse por tarefas metódicas e grande capacidade de reconhecer padrões e seguir regras. Inclusive, existem empresas como a Specialisterne, que prepara profissionais com TEA, para tarefas administrativas e de tecnologia da informação. E no caso da empesa citada, existe também um preparo dos profissionais que irão receber essas pessoas, para que haja uma inclusão verdadeira.
Algumas características do TEA e como ajudar.
1 – Hipersensibilidade sensorial
É muito comum entre as pessoas com TEA, a hipersensibilidade à claridade, a sons, cheiros e ao toque, por exemplo, podendo haver uma sobrecarga sensorial. E o limite para essa sobrecarga, varia muito de pessoa para pessoa, algumas podem reagir com choro, irritação, dificuldade de concentração ou simplesmente travar e não conseguir mais pensar.
Também é importante saber que muitos autistas escutam todos os sons com a mesma importância, então, imagine você tentando se concentrar numa tarefa em um ambiente cheio de ruídos e conversas paralelas, ouvindo tudo com a mesma intensidade e atenção!
Um ambiente tranquilo e pausas entre as tarefas, podem ser bem-vindas.
2 – Literalidade
Pessoas com autismo podem ter como característica, a dificuldade em compreender figuras de linguagem e conceitos abstratos, mesmo as que apresentam linguagem expressiva e boa comunicação.
Durante a vida e com a repetição de situações, algumas pessoas aprendem o significado de certas expressões e se condicionam a buscar alternativas para responder às metáforas, sem parecerem estranhas. Porém, a mente do autista segue com a tendência a ser literal, e esse esforço para entender figuras de linguagem, torna-se um exercício mental exaustivo.
Então acontece muito de uma pessoa no espectro responder perguntas retóricas, serem super sinceras, não entender ironias ou quando usamos figuras de linguagens, entenderem no sentido literal.
O ideal é sempre ter uma comunicação clara e o mais literal possível para evitar mal-entendidos.
3 – Contato Visual
A dificuldade em fazer contato visual é uma característica comum do autismo, principalmente por um período longo. Podendo ser uma experiência sensorial muito intensa e causa de estresse e desconforto. Algumas pessoas com TEA conseguem fazer contatos breves, outras podem te olhar de canto de olho, outras podem nem conseguir te olhar. Portanto se ao conversar com uma pessoa autista ela parecer estar procurando outra coisa e não estar prestando atenção no que você diz, lembre-se de que não é falta de interesse, é que para ela, pode ser um esforço gigantesco conseguir te olhar nos olhos.
Não force contato visual, respeite o limite do seu colega de trabalho.
Para finalizar
Autismo não é uma doença, é uma condição relacionada ao desenvolvimento do cérebro, portanto, não tem e nem precisa de cura. Precisa de apoio e compreensão para que as pessoas possam se desenvolver e seguir a vida como qualquer outra pessoa.
É importante lembrar que cada indivíduo é diferente, e uma pessoa com TEA também tem suas particularidades e preferências, não devemos colocá-las numa “caixinha” e achar que todas reagirão da mesma maneira aos estímulos ou terão as mesmas característica com a mesma intensidade.
Conhecer características do TEA é um passo para uma relação de trabalho mais inclusiva, mas isso não exclui o fato de que a convivência é sempre uma troca e nada substituirá a conversa e o respeito com o outro.
Redação – VERX